sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Vamos plantar? - Detalhes da lembrancinha do aniversário do Heitor

Quis falar mais um pouco da lembrancinha do aniversário porque me realizei completamente nela. O texto do "documento informativo" ficou ótimo, e achei lindo e ecológico!
Bom, já desabafei no post sobre o aniversário que ando desiludida com o desespero por guloseimas nos aniversários de hoje... Depois da sua festinha, Heitor foi para outros dois aniversários próximos: o do Arthur, dois dias depois, e o da Léa, na semana seguinte. Na verdade, a sua festinha foi a primeira festa de aniversário que Heitor realmente curtiu: antes disso ele era muito bebê para entender, ainda sem noção do que rolava. Pois então, depois da festa do Arthur, o Heitor ficou totalmente ciente da dinâmica! Na festa de Léa, já ia até a mesa de guloseimas pegar "coati", e desde que viveu essa "semana do doce free", pede "coati" duas vezes ao dia!
Podem acreditar, não sou nada radical com a alimentação dele. E depois que ele fez um ano, não vejo problema de dar um chocolate eventual. O problema é que, desde a semana das festinhaS, ele acha que M&Ms é chuchu na serra!
Agora só imagino como será quando ele estiver na escolinha, com aniversários mil...
Bom, o caso é que eu desejei uma lembrancinha que não fosse apenas mais balas... Desejei algo que tivesse a ver com a mensagem do Peixonauta, e que divertisse as crianças. E assim chegamos na missão-lembrança: plantar!! Seguem as fotos:

Kit aberto

Terra, balde, bulbo de trevo de quatro folhas e folheto explicativo
Heitor atrapalha
Idem
o folheto

Nosso trevo!!

Eu pedi a alguns convidados que me mandassem fotos dos seus trevos (caso brotem, é claro) para publicar aqui no blog! Estou ansiosa para saber se a missão será cumprida!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Blogagem Coletiva - Carta ao Papai Noel

Papai Noel,

Já se passaram alguns anos desde que a minha mãe me explicou sobre sua condição de "espírito do Natal que vive nos corações das crianças" e tal... Admito que, na época, fiquei muito brava, mas foi só porque descobri que não foi o senhor, mas ela mesma, que comeu todos os chocolates que enfeitavam a árvore de Natal. Entenda, Papai Noel, desejei eles dezembro inteirinho, e só os deixei em paz para guardá-los para o senhor, que provavelmente não tinha tempo de comê-los, atarantado que ficava trabalhando na noite de Natal: mas a minha mãe comia chocolates escondida quase todo dia...!
Pois então, Papai Noel, a zanga passou e escrevemos nossas cartinhas até o último membro da casa ter ciência da fantasia... A minha mãe ainda deixava, depois disso, umas respostas em seu nome, mas eram só umas listinhas de recomendações, reclamações e pedidos dela mesma (aquela em que ela "recomenda" que os filhos ajudem a mãe financeiramente foi hilária!).
Papai Noel, hoje, por sugestão da Tatiana Passagem, as twitmães estão entupindo a sua caixa de correio, já tão abarrotada.
A Tati sabe que eu tinha um pedido guardado para o senhor. Mas Papai Noel, nós dois sabemos que não devo pedir o que o senhor não pode me dar, porque assim ficamos ambos tristes e a magia do Natal não acontece...
Também não vou pedir EDUCAÇÃO para nossas crianças, a raiz da maioria dos nossos problemas de hoje... Olha eu, Papai, deixando o senhor triste de novo! Sim, ambos desejamos tanto, o ano todo, melhores escolas, melhores salários aos professores: mais do que isso, desejamos uma cultura do aprendizado incorporada na sociedade, onde as pessoas valorizem o aprendizado, a leitura, a riqueza de vocabulário como meio para expressar ideias, sentimentos, como forma de tornar cada pessoa maior e mais capaz de entender o próximo. Eu sei, Papai, o senhor tenta imbuir as pessoas das melhores energias, mas o primeiro passo só nós podemos dar.
Papai Noel, como achei que uma "carta para nada pedir" era uma coisa muito esquisita, decidi rever um dos meus filmes prediletos: Milagre na Rua 34. No meio do filme, lembrei de uma estrofe de um verso de Ghoethe (na verdade, Papis, eu só sei mesmo essa estrofe): As Das Kind Kind War, que me traduziram como "quando criança ainda era criança". Papai Noel, meu pedido é que às crianças seja dado o direito de serem crianças. Que delas não seja tirada, de nenhuma forma, a infância. Que, na absoluta miséria, elas possam jogar bolas de papel, soprar canudos e fazer bolas de sabão. Que não descubram cedo demais como o outro é capaz de nos reduzir a pó. Que não ergam couraças, que não de tornem mini-adultos mal formados pela irresponsabilidade de uns poucos.
Papai Noel, meu pedido é mais simples do que parece... Para que ele se realize, o senhor só precisa existir em seus corações, em todos ps corações. Quando Papai Noel brilha forte, reluz em todos os rostos, e faz brotar sorrisos. Faz nascer Papais Noéis em todos nós.
Sentimos, então, vontade de sermos Papais Noéis de alguém. De cultivar o prazer de fazer o outro feliz sem pedir nada em troca. De doar e não levar créditos. Pode ser doando anonimamente àquelas crianças que escrevem aos Correios (as cartinhas ficam lá para quem quiser responder, Papai, e muitas só pedem atenção!), ou mesmo recolhendo em casa alguns brinquedos antigos dos filhos para fazer a felicidade de outras crianças menos favorecidas.
Papai, sendo você com todo seu esplendor, muitos Papais Noéis surgirão, e as crianças poderão ser mais crianças, mesmo que por uma noite.
No mais, nos vemos ano que vem em Gramado, na sua Aldeia, quando o Heitor lhe entregará a sua chupeta e fraldas. Sabia que ele deixou a mamadeira?
Papai Noel, sei que eu disse não querer nada... Mas me ajuda a conseguir uma internet melhor nesse Natal? Agora estou digitando do telefone em pleno Centrão, longe do meu rebento que está em casa... Dá uma forcinha, Papai?

Um beijo saudoso de quem te ama,

Lena.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Aniversário de 2 anos de Heitor: reflexões, teletransporte e fotinhas!

No dia 02, o meu bebê fez dois anos (sim, chamarei ele de "meu bebê" até que ele reclame...). Vovô e vovó fizeram para ele uma festa linda no interior da Bahia, onde moram.


Admito que tenho várias restrições às comemorações como elas têm sido feitas hoje... Tenho uma lembrança muito viva dos meus aniversários, e acho que os mais marcantes foram os mais baratos! Normalmente tinham o tema que me permitia fantasiar, me transportar para aquela realidade... Como a festinha na escola de Mulher-Maravilha, quando me vesti como ela; ou a festa de Xerife, aos 6 anos, com decoração herdada do meu primo e uma felicidade imensa de usar saia jeans, botas, camisa quadriculada, estrela e arma de espoleta (pois é, galera do politicamente correto, e eu hoje odeio armas, nunca matei ninguém, não fiquei violenta... Por outro lado, fico hipnotizada pelo Clint Eastwood e seu olhar profundo....).

Fiquei encantada com a festinha de Heitor, e sei que vocês ficarão também ao ver as fotos aí embaixo. Mas a diversão das crianças foi, basicamente, a farra nos brinquedos do buffet, e o "pega-pra-capar-meu-lôro", como se diz na Bahia, para catar os brindes da pinhata e todas as guloseimas e brindes das mesas de doces. Sei lá, achei tão esquisito... Devo estar ficando velha e rabugenta.

Nos meus anos dourados do aniversário infantil, bom era brincar de correr, de polícia e ladrão... Não tínhamos pula-pulas, tão comuns hoje, mas eles seriam uma farra naquele tempo também. Eu tinha um pouco de medo, mas todos meus amigos iam amar. Escorregador? Com certeza! Brinquedão? Claro! Mágicos e afins, tudo para entreter seria válido.

Mas uma lembrança firme daquele tempo é que eu não tinha tanto tempo para comer demais. Eu tomava refrigerantes, comia brigadeiros (amo, normalmente eram três por idas à bandeja). Mas não me lembro de arrebatar tantas guloseimas, de acumular troféus alimentares de baixo valor nutritivo... Fico me imaginando, no auge da minha infância, no aniversário de Heitor. Eu estaria dooooida para guardar e levar para casa todas as coisas lindas, incluindo as que iriam para o lixo (minha mãe disse que eu tinha o hábito de catar forminhas e itens da decoração para levar para casa nas festas alheias, e sinto que esse impulso ainda mora em mim, mesmo adulta!). Ia me desesperar junto com as outras crianças para arrebatar ao máximo os doces e levá-los para casa, quando comeria tudo beeem devagar. Acho que eu não conseguiria brincar sem antes garantir a minha parcela de tudo aquilo, estressada e excitada com a grande oferta e grande procura.

Aonde está a grande diferença entre as crianças de ontem (no caso, eu) e as de hoje? Para mim, não há. São crianças, e obedecem à oferta.

Claro que se tivéssemos colocado na mesa cenourinhas e suquinhos, eles teriam feito bico, frustrados. Eu teria, enquanto guria dos anos 80 teletransportada para uma festa em 2011. "Que festa chata, sem M&Ms!". Claro, eles são crianças acostumadas. Fiquei observando como já estão condicionados no movimento "comer-armazenar". Brincam extasiadamente, mas condicionadamente. As brincadeiras estão pré-determinadas pelos brinquedões, não há muita margem para criatividade. A comida é loucamente farta e à palma da mão.

Então, eu, a Xerife Mulher-Maravilha, inspirada pela @Elaina_Furlan (http://www.vidademae.net/), estou vivendo esse dilema sobre o que penso dos aniversários de hoje. Os aniversários em casa seriam melhores do que os de buffet? Como eu queria que meu pequeno pudesse me dizer o que pensa disso tudo! Ele, com seu olhar sorumbático, profundo, que tudo vê... Quando ele fizer seus 3 anos eu conto a vocês o que ele me contou...!

Mas, enquanto isso, nós, os adultos, podemos nos deliciar vendo tantas coisas lindas. Essas foram as fotos que eu mesma tirei - quando o fotógrafo me entregar as dele, posto algo que eu tenha deixado escapar.

Estava tudo muito lindo e de bom gosto, inventado pela vovó, personalisado com carinho pela Pamela, e muitos outros excelentes artesãos! Não são só as mamães, as vovós também inventam é coisa!

Esse foi o centro de mesa. Foi o item preferido de Heitor em toda a festa. Ele subia nas mesas dos convidados e arrancava os palitinhos (foto abaixo).

Essa foi uma das minhas poucas colaborações para o aniversário: a pinhata em forma de POP, feita pela Erika! Foi muito divertido estourá-la e fiquei feliz com a confusão de crianças embaixo... :D

Entrada da festa

Um, dois, três, Agente Rosa, escondida atrás da árvore!

O bolo!! Amei! Acreditam que uma convidada carregou um dos Peixonautas de biscuit do bolo? E era do buffet! Coisa mais feia...

Geral do bolo

Zico vigia as jujubas! Esses bonecos são da Long Jump, falam frases e Heitor amou!

Close nas jujubas!

Brigadeiros e mais jujubas

Essa colher me fez sofrer muito! Deu tanta vontade de catar todas de volta! :D

Marina (Mainha, como chama Heitor) e os docinhos

Água mineral e M&Ms

Guloseimas e Lápis. Quase tive que disputar um lápis desses para o Heitor...

Lápis muito fofos!

Jujubas

Pirulitos

Cupcakes!! Achei lindos e deliciosos!

Heitor também gostou!

Bisnagas de brigadeiro

Chicletes

Mais M&Ms!

M&Ms no tubinho

Lembrancinhas

Detalhe da Lembrancinha: Kit Vamos Plantar, com bulbos de trevos de quatro folhas, terra, balde e instruções. A ideia foi minha, concebidos pela minha mãe. 

Doce de que mais gostei!


Jujubas!!

Pirulitos de chocolate

Doces "peixauta" (como chama o Heitor)


Geral


Vovô Jardim, pensando na conta para pagar! :D

Heitor visita as mesas e cata os espetos!

Achei essa blusa e casei com a mensagem dela! "Pense Verde e Proteja a Natureza": o "Peixauta" ia adorar!

A fazendinha de espetos retirados do centro de mesa do Heitor!



O espaço tinha arvorismo, muito legal!

Tirolesa para os mais velhos...

perere caixa de fosforos

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

SHIT HAPPENS - a última viagem de Heitor como "colo" no avião

Eu estava enrolando, muito, para escrever esse post. Como já disse, somos uma família que mora longe, e utiliza em demasia o avião para visitar família e amigos. Desde que nasceu até a presente data, Heitor já viajou vinte vezes de avião, sendo que dezenove delas com conexão. O tempo dos voos variou entre cinco e dez horas, e achava que já tínhamos passado por todo tipo de intercorrência possível com bebês em aeronaves. Achava. Para descrever a última viagem de Heitor como colo, da qual nem ia falar, achando que nada mais poderia acontecer, vou emprestar essa intrigante expressão Murphyriana Norte-Americana, que me consolou durante toda a viagem: Shit happens (literalmente, merda acontece).

Antes de viajar com Heitor sozinha mais uma vez, segui fielmente meus próprios passos para evitar desastres, que reportei no post de setembro. Liguei com UM MÊS de antecedência e reservei para mim as poltronas 1F de ambas as aeronaves no voo mais curto até Salvador, com todo o trajeto até Brasília feito durante a madrugada, já que chegando em Brasília, já pela manhã, o Heitor tomaria café, trocaria as fraldas, e enfrentaria um voo rápido (diante do restante) de 01:40 h, de Brasília até Salvador, acordado e vendo seu DVD do "Peixauta". Tudo em casa.

Então, com tanta cautela, nada poderia sair errado, CERTO? ERRADO. Mas porquê? Simples:



Pois é. Na semana anterior ao voo, eis que eu caio doente, de cama mesmo, com um troço horrendo na garganta que me dava febre. Tomei paracetamol e fui em um médico, que, a uma distância de 1 metro e sem palitinho "descedor de línguas", descobriu que não tinha nada na minha garganta. A febre já estava mais baixa, então ele me receitou  um antinflamatório, vitaminas e repouso moderado (sic). A garganta incomodando, a febre volta depois de algumas horas. Não aguentava nem andar direito com dores no corpo, e lá vamos nós atrás de outra médica, que deu uma santa receita de antibiótico para ser tomada caso a febre persistisse. No quarto episódio de febre, comecei a tomar, e já estava tão mal que tomei, apesar dos protestos do meu pai, um feliz Tandrilax, que me fazia virar humana por algumas horas. E só.
Acreditem, paguei o mico de filmar minha garganta com o IPhone e uma lanterna, para que meu pai visse a minha garganta: atrás das amídalas, estava um enorme abscesso purulento nojento e dolorido, não visível a um metro sem "descedor de línguas" ou IPhones com lanterninhas!
Faltando dois dias para a viagem, ainda em cacos, enquanto fazia a mala da viagem... Adivinhem!

"Odor que não passa...!"

A Gol liga para meu marido (telefone fixo de casa quebrado e celulares sem sinal...) avisando que meu voo seria cancelado, e que já tinham me encaixado em um voo que sairia de Boa Vista às 04 da manhã e chegaria em Salvador às 14:30! Eu enlouqueci, pedi ao meu marido que explicasse a eles que um voo de 10 horas durante o dia, sozinha com uma criança de 2 anos no colo que não cabia mais no colo, com um abscesso na garganta e febre, era inviável! Fui então encaixada no voo da madrugada anterior. A dor foi melhorando, a febre arriou de véspera e eu consegui fazer as malas aos tropeços. Tudo bem. REALLY? #NOT. Como todos sabemos, o universo não conspirava a meu favor...

"Raining shit"

O voo atrasou por... 2 horas!! Saímos de Boa Vista quase no horário do voo seguinte da madrugada... Foram duas horas com uma criança sonolenta, com uma sala de embarque superlotada, cheio de crianças igualmente sonolentas! E mais: como o voo foi alterado, a famigerada poltrona também foi! O tal voo de véspera estava realmente muito cheio, então o "xentiboa" do atendente me colocou (depois de me cobrar 5 kgs de excesso de bagagem...) na POLTRONA DO MEIO, com Heitor desesperadamente tentando se acomodar! Expliquei a situação para a comissária, ela me disse não poder fazer nada, expliquei que o Heitor tinha 23 meses e 10 dias, mas não recebi nem olhares solidários das pessoas em torno; dispensei então a minha reboladinha de conversar com os "colegas" das outras poltronas, simplesmente porque, convenhamos: se você vê uma mulher sozinha, doente, tentando desesperadamente fazer dormir uma criança na poltrona do meio, e não oferece ajuda, você é certamente um estúpido. Normalmente sou a favor das pessoas que não tiveram filhos e não são obrigados a cheirar fralda suja, mas falemos a sério: isso não justifica ignorar a desesperada situação alheia sem exceções... Então, eu mesma "esqueci" da minha reboladinha nº. 2 (vide post de setembro) e coloquei meu almofadão, deixei os pezinhos de Heitor balançarem à vontade, suas mãozinhas cutucarem revistas... Bom, pedia sempre desculpas e explicava: "Poltrona do meio... 1 ano e 11 meses... Quatro da manhã..." e fazia a minha melhor cara de resignada. Não foi bom para ninguém. Estúpidos e mães com zica.
Em Manaus descobrimos que já tínhamos perdido a conexão. Pesquisei no app da Infraero e vi um voo chegando em Salvador às 13:30h, e rezei muito para conseguir alcançá-lo. Rezei, do fundo da minha situação desesperada, confiando que merdas acontecem, mas quando menos esperamos, tudo pode dar certo.
"Nunca duvide da fé, mamãe!"
Eis que a pessoa que senta do meu lado em Manaus é um gentil rapaz que fez espontaneamente a pergunta: "você vai viajar com seu filho dormindo no colo até Brasília aí no meio?" Eu, já sem esperanças, respondi: "sim, mas ele não vai incomodar você não". "Mas você não prefere trocar de lugar comigo e usar a janela?" Juro, meu queixo caiu. Quando eu digo RAPAZ, eu não estou sendo boazinha, era um guri novo, de IPod em punho, ouvindo pagode! Ele, de quem eu nunca esperaria compreensão sobre a minha desesperada situação, foi solidário sem que eu pedisse. Há esperança no mundo, basta criar bem os nossos filhos! Valeu, mãe do rapaz!
Na janela o Heitor dormiu apoiado na janela e acomodou melhor na poltrona. Eu também pude dormir umas horas. Em Brasília, alcançamos o vôo de 13:30, e ainda tivemos tempo para comer algo e verificar as fraldas. O Heitor comportou-se bem usando a mochilinha-coleira enquanto a mamãe arrastava almofada e bolsa pelo aeroporto. Trocamos de portão de embarque três vezes, mas passeamos de um para outro sem nos incomodar. Heitor sujou espalhafatosamente a fralda a 10 min do embarque, mas eu estava no céu. Fomos ao banheiro de deficientes, tentando não se afastar do portão (o fraldário fica no outro andar) e resolver o problema. Foram muito lenços umedecidos, uma desesperada lavada de bumbum na pia (da qual ele ria horrores), e um Woody jogado pelo buraquinho do vaso adaptado, banhado em álcool, lavado e reservado em um saco para ser afogado em água sanitária. Incrível, mesmo com tudo isso, eu ainda ria. A lua entrou na sétima casa e Júpiter se alinhou com Marte. Seja porque pior do que já tinha ficado não podia mais ficar, seja porque perto do stress da madrugada, limpar um Woody mergulhado no vaso sanitário é fichinha!

"Let the Sunshine in!"

Com a perda da conexão e reencaixe no voo novo, lembrei de pedir uma poltrona mais confortável. Fiquei na janela com Heitor, mas notei ao embarcar que várias pessoas estavam perdidas em poltronas separadas, provavelmente por conta do nosso reencaixe. Uma mãe estava sentada longe da filha e do marido. Como a menina dela estava doidinha para assistir o DVD com Heitor (que a essa altura estava ligadíssimo), sugeri que ela trocasse e ficasse do meu lado, enquanto o marido dela ficaria no corredor ao lado. Assim ela trocaria meio com meio, corredor com corredor, e as pessoas não se oporiam. Deu certo, e viajamos todos felizes. Os dois meninos se encaixaram na poltrona do meio, com o DVD ligado na mesa de refeição, e finalmente pude respirar por 01:40 h. Cheguei e viajei sonhando (dormindo, mesmo!) mais duas horas de carro para a casa de meus pais.

Qual o motivo desse post meio nojentinho? Depois de tantos posts que fiz aqui falando de viagem de avião, e diante de tantos transtornos imprevistos em uma viagem da qual nem pensava em falar, certa de que seria a mais tranquila de todas, tirei uma lição para a vida: controle é bom, mas não tem garantia estendida.
Achei um texto na web, para administradores, que ilustra bem o que aconteceu comigo:

"Quando nos armamos de muitas defesas, criamos exatamente as condições para acontecer aquilo que mais tememos ou procuramos evitar. Isto é, o excesso de autoridade trabalha contra a autoridade pretendida. O controle sub-reptício foge ao controle. Se você precisa controlar muitas coisas, troque de verbo: substitua 'controlar' por 'cuidar' e verá que essa atitude fará uma grande diferença no seu dia-a-dia, em relação ao nível de estresse e aos resultados dos esforços. Pois, quando 'cuidamos de algo', trabalhamos com mais suavidade e carinho, e 'a coisa a ser controlada' sente a força sutil das nossas ações. Controlar, sem controlar, é a regra do jogo. É por isso que cuidamos do jardim e não o controlamos. Cuidamos dos animais e não temos controle pleno sobre eles. Na vida pessoal é melhor cuidar da saúde, do tempo e do dinheiro do que pretender controlá-los a ferro e fogo. O cuidado, quando feito com atenção e zelo, só traz alegria e satisfação, ao passo que o controle é sempre tenso e difícil. O próprio ato de cuidar traz consigo as atitudes de zelo, cautela, precaução e atenção. A responsabilidade é mais nossa do que do outro. Ao cuidar, somos mais senhores da situação do que quando almejamos o controle de tudo. A vida precisa de mais cuidados e menos controles. Ninguém gosta de ser controlado, mas todo mundo deseja ser cuidado. (...) Quanto mais tentamos controlar os outros e a nós próprios, mais ficamos presos nas armadilhas que o destino nos arma. Animais capturados em redes, quanto mais se debatem mais ficam embaralhados nas malhas". Eloi Zanetti (www.eloizanetti.com.br)

Acho que a vida é assim, e a maternidade, cheia de tentativas de prevenir percauços na nossa vida como mães e na vida de nossos filhos, funciona sob a mesma batuta. Não dá para exercer um controle pleno, firme, objetivo, todo o tempo. Cuidamos de nossa família, do nosso bem estar e de nossos filhos. Evitamos ao máximo os sofrimentos dos imprevistos, revertemos situações estressantes, mas precisamos estar com ouvidos atentos para a música que toca, a fim de ouvi-la e dançar no seu ritmo. Assim, mesmo quando o imprevisível chega, ao final poderemos sorrir e rir das nossas próprias algúrias! Shit happens, so what? ;)

"The sunshine in!"