segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Blogagem Coletiva - Carta ao Papai Noel

Papai Noel,

Já se passaram alguns anos desde que a minha mãe me explicou sobre sua condição de "espírito do Natal que vive nos corações das crianças" e tal... Admito que, na época, fiquei muito brava, mas foi só porque descobri que não foi o senhor, mas ela mesma, que comeu todos os chocolates que enfeitavam a árvore de Natal. Entenda, Papai Noel, desejei eles dezembro inteirinho, e só os deixei em paz para guardá-los para o senhor, que provavelmente não tinha tempo de comê-los, atarantado que ficava trabalhando na noite de Natal: mas a minha mãe comia chocolates escondida quase todo dia...!
Pois então, Papai Noel, a zanga passou e escrevemos nossas cartinhas até o último membro da casa ter ciência da fantasia... A minha mãe ainda deixava, depois disso, umas respostas em seu nome, mas eram só umas listinhas de recomendações, reclamações e pedidos dela mesma (aquela em que ela "recomenda" que os filhos ajudem a mãe financeiramente foi hilária!).
Papai Noel, hoje, por sugestão da Tatiana Passagem, as twitmães estão entupindo a sua caixa de correio, já tão abarrotada.
A Tati sabe que eu tinha um pedido guardado para o senhor. Mas Papai Noel, nós dois sabemos que não devo pedir o que o senhor não pode me dar, porque assim ficamos ambos tristes e a magia do Natal não acontece...
Também não vou pedir EDUCAÇÃO para nossas crianças, a raiz da maioria dos nossos problemas de hoje... Olha eu, Papai, deixando o senhor triste de novo! Sim, ambos desejamos tanto, o ano todo, melhores escolas, melhores salários aos professores: mais do que isso, desejamos uma cultura do aprendizado incorporada na sociedade, onde as pessoas valorizem o aprendizado, a leitura, a riqueza de vocabulário como meio para expressar ideias, sentimentos, como forma de tornar cada pessoa maior e mais capaz de entender o próximo. Eu sei, Papai, o senhor tenta imbuir as pessoas das melhores energias, mas o primeiro passo só nós podemos dar.
Papai Noel, como achei que uma "carta para nada pedir" era uma coisa muito esquisita, decidi rever um dos meus filmes prediletos: Milagre na Rua 34. No meio do filme, lembrei de uma estrofe de um verso de Ghoethe (na verdade, Papis, eu só sei mesmo essa estrofe): As Das Kind Kind War, que me traduziram como "quando criança ainda era criança". Papai Noel, meu pedido é que às crianças seja dado o direito de serem crianças. Que delas não seja tirada, de nenhuma forma, a infância. Que, na absoluta miséria, elas possam jogar bolas de papel, soprar canudos e fazer bolas de sabão. Que não descubram cedo demais como o outro é capaz de nos reduzir a pó. Que não ergam couraças, que não de tornem mini-adultos mal formados pela irresponsabilidade de uns poucos.
Papai Noel, meu pedido é mais simples do que parece... Para que ele se realize, o senhor só precisa existir em seus corações, em todos ps corações. Quando Papai Noel brilha forte, reluz em todos os rostos, e faz brotar sorrisos. Faz nascer Papais Noéis em todos nós.
Sentimos, então, vontade de sermos Papais Noéis de alguém. De cultivar o prazer de fazer o outro feliz sem pedir nada em troca. De doar e não levar créditos. Pode ser doando anonimamente àquelas crianças que escrevem aos Correios (as cartinhas ficam lá para quem quiser responder, Papai, e muitas só pedem atenção!), ou mesmo recolhendo em casa alguns brinquedos antigos dos filhos para fazer a felicidade de outras crianças menos favorecidas.
Papai, sendo você com todo seu esplendor, muitos Papais Noéis surgirão, e as crianças poderão ser mais crianças, mesmo que por uma noite.
No mais, nos vemos ano que vem em Gramado, na sua Aldeia, quando o Heitor lhe entregará a sua chupeta e fraldas. Sabia que ele deixou a mamadeira?
Papai Noel, sei que eu disse não querer nada... Mas me ajuda a conseguir uma internet melhor nesse Natal? Agora estou digitando do telefone em pleno Centrão, longe do meu rebento que está em casa... Dá uma forcinha, Papai?

Um beijo saudoso de quem te ama,

Lena.
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