quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Viagem de avião com bebê - dos 18 aos 21 meses

A intenção desse post é apenas complementar os anteriores, tratando das nossas tantas viagens... Essa fase em que o Heitor está é totalmente nova. Cada dia fica mais difícil viajar de avião com o Heitor na condição de "colo", apesar do consolo por ainda não pagarmos a passagem dele...
Aos 22 meses incompletos, Heitor é um colo que não cabe mais no colo. Como a altura dele é mediana para a idade, deduzo que as companhias aéreas diminuíram o tamanho e espaço disponível na poltrona do avião, mas não diminuíram a idade-limite para a criança viajar no colo. Resultado: os pés ou a cabeça do Heitor invadem a poltrona do lado, ou atrapalham o carrinho de bebidas no corredor.
Outro problema é lidar no colo com o sono inquieto dessa idade: enquanto ele dorme pesadão, até que é fácil para administrar; quando o show de "sonâmbulo-contorcionismo" se inicia, o braço da mãe não dá conta de sossegar o "colo" no colo. E chuta o Heitor o passageiro do lado!
Como viajamos, normalmente, entre 7 e 10 horas com conexão (ões), o nosso segredo é REBOLAR! E fazemos isso, normalmente, seguindo esse pequeno roteiro:

Reboladinha 1: O melhor voo não é o mais barato; não é o daquela companhia aérea; o melhor voo é aquele cujo tempo total é mais curto, com menos conexões, e o mais importante: aquele durante o qual o seu filho vai certamente dormir. Ainda que você não o faça.

Reboladinha 2: ao sentar, tentamos ser simpáticos com o passageiro do seu lado. Pedimos, de antemão, que a pessoa avise se a criança incomodar, explicando nesse momento que, apesar dele ser grandão para isso, ainda insistem que ele deve viajar no colo... Ainda que saibamos que as crianças têm o direito de frequentar o mundo - salvo aqueles recantos prejudiciais ao seu desenvolvimento, claro - tanto quanto qualquer adulto rabugento, precisamos lembrar da nossa própria decepção, antes de termos filhos, quando o sono era grande e sentava um guri cantador cheio de energia do nosso lado. Compreensão mútua é um bom caminho para a PAZ, e mães descabeladas podem dar o primeiro passo, sim, porque não? Eu dou. Peço desculpas, evito incomodar tanto o quanto for possível na minha suada situação. Rebolando.

Reboladinha 3.1: Essa coreografia em especial deve começar a ser executada três dias antes do voo. Fazemos DE TUDO para marcar um bom assento na janela. É a nossa moeda de troca. Se for preciso e não for muito complicado, passo no aeroporto e marco os assentos dias antes. As pessoas com "colo" não fazem check-in online, mas o resto do mundo faz (o porquê disso eu não sei), dai a minha pressa em garantir os assentos!
Nem sempre adianta chegar cedo no aeroporto no dia do embarque, porque muitos voos vêm de outros lugares. Mofo no telefone com a companhia aérea, vou até o aeroporto, mas garanto o meu assento.
Como já falei em posts anteriores, caso sejam dois os adultos viajando, uma boa sacada é marcar janela e corredor da mesma fileira: grande risco do assento do meio ficar vazio e dupla moeda de troca!

Reboladinha 3.2: Esse passo em especial é dançado na porta da aeronave, durante o embarque de passageiros. Chego no comissário de bordo (dando, também nesse momento, a "Reboladinha 1") e peço para trocar o meu assento nota 10 com qualquer assento que tenha uma poltrona vaga do lado. Nessa hora eu sempre digo: "pode ser até do lado do banheiro" para passar BEM a noção da minha disposição para a troca! Ele normalmente pede que eu sente e aguarde. 97% das vezes a troca é bem sucedida... :D

Reboladinha 3: Estando de posse do desejado assento para meu filho "quase-dois", é importante estar portando um travesseiro. É chato de carregar, e já tentei minimizar carregando-o em vacum-bag, sacolão, mas não fica menos chato, para quem já carrega "bolsa de fraldas e trecos/carrinho/bolsa de mãe", mas eu não dispenso. Levo a almofada de amamentacão, que, nos momentos de desespero, passeia pelos aeroportos pendurada no meu pescoço!
Essas fotos ilustram momentos áureos na nossa querida ferradura no ultimo voo "São Paulo-Brasilia/Brasilia-Boa Vista":




Fazendo as vezes de poltroninha para a deliciosa sessão de duas horas de
leitura sossegada da mamãe
cineminha do bebê!



Hora da soneca na conquistada poltrona extra!

Reboladinha 4: Essa dança é velha: como normalmente os "quase-dois" não conseguem curtir uma só brincadeira por mais de 20 minutos, divido o tempo de voo pelos brinquedos que levo. Nós sempre escolhemos 3 DVDs prediletos e o aparelho portátil (o nosso tem 5 hrs de bateria e entrada USB por motivos óbvios); dois brinquedos silenciosos e um barulhento com volume e tecla OFF, ambos não-arremessáveis.




Amigo, estamos aqui!

Além disso, lanches secos (biscoitos de maisena e bolachas Maria) e dois leitinhos Ades com fruta (leite normal tem digestão mais difícil com ele) oferecidos antes do comissário oferecer as batatas chips garantem um estômago cheio na hora da guloseima!
Como ele usa chupeta, levo duas ou três; quando usava mamadeira, levava a prevista e uma medida de leite extra. Na época da papinha, a mesma coisa. Não me constranjo de abarrotar a mala de fraldas, principalmente em voos longos ou com conexão. Imprevistos e apagões aéreos acontecem. Eu já partilhei muita papinha com mães em emergências, mas também já soube de mães apavoradas e crianças famintas por atrasos em voos. Aeroportos não têm papinhas à venda (não é um absurdo?) e os vouchers de refeição fornecido pelas companhias aéreas só costumam comprar pizzas ou sanduíches... Meu "quase-dois" come de tudo (normalmente vamos de pão de queijo com suco de laranja), mas se não for seu caso, dance ao som das nossas companhias aéreas e seja precavida!

Rebolando, então, eu e meu "quase-dois", aguardaremos o nosso próximo voo "colo" - o décimo nono dele, mas o último antes do segundo aniversário! Nossos bolsos chorarão, mas meus pobres braços soltarão rojões!


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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Descobrindo (novamente) a Encantadora!




Aos seguidores: foi finalmente lançado no Brasil o livro da "Encantadora de Bebês" para Toddlers - que eu seeeempre quis ler!
Esse livro foi escrito pela Tracy Hogg, ainda em co-autoria com a jornalista Melinda Blau, no ano de 2002 - dois anos antes de seu falecimento. Ainda estou no comecinho, mas já antecipo a novidade! O tom das autoras é ótimo, amadurecido e bem desenvolvido como os nossos ex-bebês...
Segue um trecho que selecionei:


"Bem na frente dos seus olhos você verá o seu pequeno dar aquele salto gigantesco, transformando-se de um bebê indefeso em uma criança que anda e fala, com vontade própria. Aproveite bem esta jornada incrível. Para cada nova e fantástica habilidade dominada e a cada emocionante primeira vez, você terá adversidades eletrizantes para enfrentar. Em resumo, nada em sua vida será mais excitante e, ao mesmo tempo, mais exaustivo do que viver com seu filho. E amá-lo".

TRACY HOGG E MELINDA BLAU, em "Mais Segredos da Encantadora de Bebês - para crianças de 1 a 3 anos", ed. Manole, 2011.

Para quem tiver interesse, vi à venda na FNAC e na SARAIVA.



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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A DOR E A DELÍCIA DE AMAMENTAR...


Há um tempo tenho sentido vontade de escrever sobre a amamentação – mas uma barreira sempre me impedia de falar sobre o tema... A certeza que tenho idéias duras sobre tudo que se diz às mães lactantes hoje, e que tudo que ouvi durante a amamentação ainda me dói como uma ferida aberta.
Meses atrás uma grávida me disse o seguinte:
“Cá entre nós, tenho medo dessa dor da amamentação. Penso que será até bom se eu não tiver leite. Bem, tenho vergonha de falar isso, pois as pessoas enaltecem tanto a amamentação, falam que é um momento único entre mãe e filho etc... Enfim, vamos ver o que está reservado para mim!”.
OBVIAMENTE não cito o nome dela nem sob tortura! Senti na própria pele o quanto as pessoas podem ser cruéis com as mães de primeira viagem. Quão rápido “esquecem” as inseguranças e medos que sentiram quando tudo era novo também para elas, ainda que não tenham manifestado em bom português (como minha amiga corajosamente foi capaz de fazer) que não é fácil assimilar alguns conceitos da nova realidade.
Às meninas é ensinado desde sempre que o seio é motivo para pudor. Mesmo quando eles ainda não são NADA diferentes de mamilos masculinos. Futuramente, serão exibidos apenas aos “escolhidos”, e o seio é então meio à disposição do seu próprio prazer. Até que, de repente, os seios ficam “grávidos”.
Pedir que todas as mulheres, cada uma com sua história, libido e educação doméstica, façam tranquilamente a passagem do “seio escondido prazeroso” ao “seio alimentador à mostra”, é bruto e contraproducente.
A minha resposta à grávida que citei foi essa:
“Olha, eu acho que tem “buzinaço” demais nos ouvidos maternos sobre tudo. Sou a favor de você experimentar, e se não rolar, não rolou. Tive dois motivos pra dar o peito: achei bom, apesar da dor; é prático e barato. Se gasta no mínimo cento e vinte reais por mês (acho q é um pouco mais, até) com leite artificial quando o bebê não mama no seio. Ele também fica mais propenso a ter problemas como intolerância a lactose (e daí você terá que dar o leite apropriado, devendo dobrar a cota mensal de leite). Acrescente que você vai ter de carregar as mamadeiras - as vezes até cheias, porque a água deve ser fervida previamente – e o leite em pó sempre que sair com o bebê. No meu caso, o leite materno é divino no avião: para alimentar, diminuir a bagagem de mão e para evitar a pressão no ouvidinho. Imagine: pediatra demorou de atender? PAM, peito para fora. Marido atrasou para buscar vocês em algum lugar? Manda o bebê pro peito. Sofri muito com feridas e ‘assaduras’, e ainda assim acho q vale muuuito a pena. Egoisticamente falando, sem considerar os benefícios pra o bebê... Rs”
Meses depois, esta mesma grávida me pediu dicas para amamentar porque estava com medo do bebê não conseguir mamar, de não ter leite... Tenho medo de não ser o suficiente! Queria tanto amamentar exclusivamente! Enfim, estou tentando emanar vibrações de confiança para o Universo!” Ela disse.
Comentei sobre como a visão dela tinha mudado. Lembrei como eu mesma mudei minha relação com meu próprio corpo na medida em que ele se modificava e o Heitor se tornava “realidade”.  A parti daqui, contarei a minha própria história...
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que amamentei o Heitor. Ele já tinha um dia de vida e eu estava ansiosa para saber se tinha leite. Dentre as muitas expectativas que criei, como mãe leitora e curiosa, sobre o que seria perfeito para o meu filho, estava o desejo de amamentar o Heitor no primeiro minuto de vida extra-uterina – mas não aconteceu. Insisti muito com os médicos da UTI Neo e dei plantão na sala de espera, esperando ele acordar. Sentei em uma cadeira ao lado do berço aquecido da UTI e abaixei a camisola MORRRRTA de vergonha: não só das pessoas que estavam lá, mas do próprio ato de por o seio na boca da criança... Em um ou dois minutos, todavia, tudo simplesmente tornou-se muito natural. E mágico. E ABSURDAMENTE dolorido. Naturalmente mágico e dolorido, foi exatamente assim que aconteceu...
O meu filho AMAVA mamar. Ele permanecia no seio por uma hora ou mais, desde o leite anterior até as gotinhas finais... Ele sugava com muita força e sinceramente... Nenhuma preparação poderia ter evitado as rachaduras que tive. O meu seio feriu-se, o mamilo perdeu uns pedacinhos de carne, inclusive. Doía, e claro, precisei parar para curar as feridas. Tirei leite para as mamadas “de descanso”, e fiz todo o possível para cicatrizar e aliviar as feridas: usei um “pad” em gel chamado “Mamare” que, gelado, alivia muito as rachaduras; usei as pomadas Lansinoh e Bepantol  com conchas de silicone para as feridas (a pomada Lansinoh é inócua, podendo ser ingerida pelo bebê); evitei “pads” de algodão enquanto o seio estivesse ferido; passei o leite materno no mamilo e nas feridas, deixando secar ao ar livre com sol suave batendo neles (o calor ainda ajudou o leite a descer!). E assim fui secando as minhas feridas... Incomodou por quarenta dias! Ainda assim, os seios doeram no início da amamentação por pelo menos uns dois meses.
Sei que não sou a regra. Na verdade, nunca ouvi falar de mais alguém que tenha sofrido tanto com mordidas, puxões e sugadas violentas por tanto tempo! Normalmente, com alguns dias, tudo está normalizado. Ainda assim, amamentar era algo delicioso.
A dor mais violenta da amamentação, todavia, não veio dos puxões do meu filho. Veio das palavras alheias.
Alguém PRECISA dizer as consultoras de amamentação, avós, mães, médicos, que NÃO ESTAMOS EM UMA DITADURA DA AMAMENTAÇÃO! Não, não vale tudo para que a mãe amamente seu bebê. Não, você não pode falar qualquer coisa a uma mãe cheia de hormônios. Não, nem tudo que é certo para você precisa ser certo para os outros. E SIM, mesmo que a sua causa seja nobre, mesmo que as suas intenções sejam ÓTIMAS, você PRECISA ser EDUCADA e DELICADA com um ser humano que revolucionou sua vida, que vê sua realidade ruir e milhões de coisas novas surgirem, e que tem todo direito de ficar assustada!
Assustar uma mãe não ajudará o bebê a longo prazo...
Quantas vezes não tive a sensação de estar em uma “Guerra Santa”, onde os sentimentos são elevados a extremos inconcebíveis...
Meu filho ficou com o peso abaixo da tabela da carteira de vacinação por seis meses. Isso me deixou “na berlinda” de todo tipo de agressão (agressão, SIM, porque doía e não precisava ser dito da forma dita!), mesmo tendo a primeira pediatra do Heitor dito que a tabela é só um guia e que o importante é o ganho de peso, e não a estrita permanência na faixa verde, e mesmo tendo a pediatra de Boa Vista testado todo tipo de técnica para aumentar o peso do bebê, como bombear o leite anterior, oferecendo ao bebê antes a “parte gorda” do leite materno, o leite posterior . Também fizemos testes para ver se leite suficiente estava sendo produzido (aos três meses, eram 250 ml bombeados dos dois seios!), e se ele estava mamando esse leite; se a pega estava correta. Mesmo com todas as tentativas e testes, o ganho de peso do Heitor era o mesmo. Pouco, mas normal.
Ainda assim, ao tentar doar a imensa quantidade de leite que sobrava, ouvi um desaforo no banco de leite (esse mesmo que pede doações nos outdoors!) do tipo: “vá engordar seu filho primeiro, mãe!”.  Uma senhora me deixou sem palavras quando disse: “se fosse meu filho, eu batia feijão e dava pra ele beber!”, o clássico “você devia ser presa por dar chupeta ao seu bebê”, e a pérola: “a culpa do seu filho estar magro é porque você dá chupeta e mamadeira a ele” (essa foi dita pela funcionária do posto de saúde, depois de pesar o Heitor e fazer só duas perguntas, “ele chupa chupeta” e “ele usa mamadeira”).
Depois de dois dias de UTI Neo, dois meses de dor nos seios e com todo esforço do mundo para produzir leite e amamentar meu filho, quilos de hormônios, cansaço, ouvir essas frases meigas era, digamos, como levar tapas na cara.
Não sei que estudo fantástico concluiu que o melhor método para estimular a amamentação era o TERROR! Vi funcionárias do Posto simplesmente arrancarem chupetas da boca de crianças que estavam lá para serem vacinadas e jogarem no lixo, dizendo (juro) às mães que, caso vissem nas crianças de chupeta de novo, os filhos delas não seriam mais atendidos no Posto.
Quando fiz consultoria de amamentação no Grupo Calma, em Salvador, a enfermeira me perguntou se eu usava mamadeira. Eu expliquei que eu usava, sim, porque tive que deixar de amamentar por alguns dias logo cedo, por motivo de doença; que optei por mantê-lo na mamadeira uma vez ao dia, para dar ao meu marido a oportunidade de alimentá-lo; expliquei que Heitor não se adaptou a colher, ao copinho, nem a pipeta para tomar o leite. Ela EDUCADAMENTE me explicou que isso costuma afetar a pega, mas que Heitor não parecia estar afetado, pois pegava o seio bem. Apenas pediu que eu alterasse a marca da mamadeira, recomendando a Nuk do bico mais estreito, parecida com a chupeta. Isso poderia ajudar evitar confusão do bebê com o seio. Também me alertou, quando eu comuniquei minha opção pela chupeta apenas antes do sono, cólicas e situações tensas, pedindo cautela no uso. Lindo. Não doeu nada na mãe.
Muitas mães ficam apavoradas, entre a cruz e a espada; entre a velha guarda, que lhe manda (aos berros) dar mingaus e chás aos bebês, e a nova guarda, que (aos berros) lhe exige o seio, seio, seio, e sorrisos!
Quando finalmente nos harmonizamos com a amamentação, eis que surge a “fase 2”: o desmame. A nova e a velha guarda se divide em “os que querem que você dê qualquer jeito para amamentar até os dois anos” e “os que acham que você devia ter vergonha de dar o peito a uma criança tão grande”. A essa altura, nós tínhamos aprendido a RANGER OS DENTES.
O melhor, sobre amamentação? O melhor para você e o seu filho. O que lhe faz relaxar. O que lhe permite alimentá-lo bem e tranquilamente. A melhor frase que ouvi? Da minha prima e pediatra, que disse: “se você quiser dar uma mamadeira de leite artificial e testar, relaxe, nada de ruim acontecerá com seu filho por isso”. Essa frase me libertou, me relaxou a um extremo que me permitiu amamentar em paz.
No mais, meu filho entrou rapidamente na faixa verde da média de peso aos seis meses, com a introdução das papinhas. Entrou, saiu, entrou de novo... Mas nunca perdeu peso, salvo por adoecer. É saudável, feliz e ativo. Mamou até os 13 meses. Sempre pegou o seio corretamente, desde a UTI. Come comedidamente até hoje, mas, até hoje, adora dormir apertando o seio da mamãe... É um peitólatra.
Heitor, com três meses: mama um peito e "reserva" o outro.

Quando dou conselhos sobre amamentação, digo sempre: faça o que seu coração pedir. Preparar o seio? Hidrate com Lansinoh, e não o machuque com buchas, toalhas molhadas ou coisas do gênero. No fundo, não é isso que fará o seu peito não rachar. Tomar sol do início da manhã não prejudicará, então deixe ele bater suavemente em seu mamilo... Há controvérsias, mas eu achei que o calor ajudou muito a cicatrizar as feridas. Verifique com sua obstetra se há alguma correção a ser feita no seu mamilo (se eles são invertidos ou retos).
Deixe seu seio roçar na camiseta ao dormir, sem sutiã, no último mês da gestação, para estimular o mamilo. Não há problema em apertar ou estimular o seio antes do parto: a ocitocina que faz produzir leite não é suficiente para induzir um parto prematuro (assim me disseram, porque esse foi um medo meu).  O bebê demora uma ou duas semanas para sentir “fome”, de modo que não há problema se seu seio demora de uma a duas semanas para produzir o leite.
Selecionei esse material para vermos a pega correta do seio pelo bebê. Há muito mais disponível na rede:
Retirada de: http://www.babycentre.co.uk/i/breastfeed/linedrawing2.jpg

Retirada de: http://psiudemedico.blogspot.com

Retirada de: http://minhas3princesas.blogspot.com

Retirada de: www1.folha.uol.com.br

Quando for amamentar, verifique se o bebê está pegando corretamente o seio, e relaxe. As primeiras sugadas são mais doloridas, mas depois de um minuto a dor vai anuviando...

No início o seio não produz exatamente leite, mas um “melzinho”, um líquido viscoso amarelado chamado Colostro, muito importante ao recém-nascido. É pouquinho mesmo, então não espere produzir um copo de leite branquinho na primeira vez que bombear! Nas primeiras semanas produzimos 40, 50 ml de leite por mamada, às vezes até menos... Na minha primeira extração, tirei DUAS GOTAS de colostro, e fiquei tão feliz! Uma mãe na bomba ao lado extraiu uns 20 ml e se martirizava por não ter leite... Quando lhe mostrei as minhas duas e felizes gotinhas, ela se acalmou... :D
Para extrair e estocar o leite materno, recomendo essa EXCELENTE apostila, disponível no site Aleitamento.com.
Também ADOREI e recomendo amamentar em diferentes posições: sim, existe um delicioso "Kama-Sutra" da amamentação! A minha posição preferida era "deitada-tirando-uns cochilos", mas durante as cólicas de Heitor, ele adorou mamar debaixo do meu braço. Eu me guiei pelo BabyCenter, NESSE artigo, mas há diversos outros muito bem ilustrados! Outro site bem interessante sobre o tema é ESSE aqui.
Lembro de dicas boas que as enfermeiras do Calma me deram: a melhor forma de amamentar é com o seio todo exposto; aqueles "dois dedinhos" segurando o mamilo é coisa antiga: o ideal mesmo é você sustentar a parte de baixo do seio com a sua mão e deixar o bebê recebê-lo. O "dedinho" em cima do seio não ajuda o leite a sair, e dificulta o bebê mamar, já que "puxa" a pele para fora da boca do bebê, atrapalhando a pega.
Outra boa dica é usar uma almofada de amamentação que apoie bem a lombar, circundando toda a cintura da mãe. Alguns modelos até vêm com "fitinhas" para manter as extremidades da almofada presas uma a outra, mantendo a almofada no lugar certo.
Não hesite em pedir ajuda a uma boa consultora em amamentação. Existem excelentes grupos de apoio e profissionais realmente habilitadas no mercado. Mas cuidado com os palpiteiros.
Dar o seio em público, no começo, faz sentirmos um pouco de vergonha. Mas é perfeitamente natural. Não deixe o seu bebê com fome apenas porque pessoas ignorantes ainda não assimilaram esse fato. Não deixe a guerra louca e histérica que se desenrola lá fora afetar o elo, a linha iluminada e inebriante que liga seu olhar ao do seu filho durante o mágico momento em que ele se alimenta através do seu seio...

A foto no início do post foi retirada de:  http://redemulheremae.blogspot.com